quarta-feira, junho 28, 2006

Americana Tishman eleva aposta no Brasil

Fonte: Valor Econômico

Membro do comitê executivo do Federal Reserve (FED), presidente emérito da Universidade de Columbia e vice-presidente do Museum of Modern Art (MoMa), o executivo americano Jerry Speyer tem uma convicção: chegou a hora do Brasil. Encantado com o país há muitos anos, o principal executivo e fundador da desenvolvedora imobiliária Tishman Speyer fincou o pé da empresa no país em meados da década de 90, embora não tivesse foco em emergentes.

Perroni, da Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário: "Os lançamentos tem vendido numa velocidade muito grande"Maior do segmento dos EUA, dona de ícones novaiorquinos como o Rockefeller Center e o Chrysler Building, a Tishman preparou terreno no país e semeou devagar. Agora, no entanto, a coisa mudou, tanto que apenas entre 2006 e 2007 vai investir R$ 1,5 bilhão no país. Mais do que durante toda a década em que esteve por aqui. "Chegou a hora do mercado imobiliário brasileiro, é um momento único na história do país e queremos participar desse crescimento", disse Speyer, que falou ao Valor por telefone da sede da empresa, no Rockefeller Center, em Nova York.

Após encerrar as operações na Argentina, a Tishman concentra as apostas da América Latina no Brasil, único país da região no qual investe neste momento. Entre os emergentes, além do Brasil, possui operações na China e, mais recentemente, na Índia. A Tishman tem um portfólio total de ativos de US$ 24,5 bilhões. Esta semana, Speyer vai dar mostras do quanto aposta no mercado local ao fazer o lançamento mais badalado dos últimos anos de um empreendimento imobiliário comercial carioca, em parceria com a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário. Para lançar o Ventura Corporate Towers, Speyer promove amanhã, no glamouroso Copacabana Palace, o Ventura Forum, uma videoconferência exclusiva com ninguém menos que Alan Greenspan. Após falar para executivos de grandes empresas convidadas, Greenspan vai debater com os economistas Ilan Goldfajn e Affonso Celso Pastore. Afeito a ícones, Speyer já apostava na vocação da Torre Norte, na região da Berrini na marginal Pinheiros, erguida pela Tishman em São Paulo, e agora acredita que o Ventura poderá ser mais um marco da geografia carioca. Localizado num terreno próximo ao BNDES e a Petrobras, junto à Lapa, o Ventura será um empreendimento do tipo 'triple A', com garagem para 1,6 mil carros, área de lojas e toda infra-estrutura tecnológica, um mix raro no centro do Rio. "Depois de um período em que estamos no país, temos uma série de projetos diferentes que começamos a tocar, empreendimentos comerciais e mais recentemente apartamentos", diz Speyer, lembrando que a Tishman também começou a investir em projetos residenciais em São Paulo e já pesquisa o mercado do Rio.

Colecionador e apaixonado por arte, ele se preocupa muito com a estética e sempre reserva espaços para grandes obras ou galerias de arte nos empreendimentos. Além de acreditar no potencial brasileiro para os negócios, é fã dos artistas locais. Contam os colaboradores que ele tem trabalhos de Vik Muniz e adora a arte nordestina. Nas férias, já veio várias vezes ao país. "Uma delas foi na Bienal de São Paulo", disse Speyer. Eclético nas artes e nas atividades, quando o assunto são os negócios, no entanto, Speyer é focado. A Tishman atua exclusivamente como desenvolvedora imobiliária, incorporando ou comprando empreendimentos comerciais e residenciais. Só atua como administradora dos edifícios próprios.

No Brasil, seu principal investimento até aqui havia sido a Torre Norte, no qual aportou R$ 200 milhões. Speyer está otimista com o rumo da economia mundial esse ano e evita fazer previsões sobre uma eventual bolha no mercado imobiliário dos EUA. "Não estou no negócio de previsões, estou no negócio de construir edifícios", diz ele. "O segmento de 'real estate' é composto de vários tipos de empreendimentos, pode comprar terra, construir apartamentos, condomínios de casas, shoppings, prédios comerciais, então quando falamos sobre bolhas temos que pensar sobre setores dentro dessa indústria. É verdade que existem ciclos no negócio de construção imobiliária, às vezes estão em alta, às vezes em baixa.", conclui.