terça-feira, julho 04, 2006

Com turbulência na bolsa, TIM cancela venda de ações


Fonte: Valor Econômico

A instabilidade no mercado de capitais ao longo das últimas semanas levou a Telecom Italia a suspender uma oferta secundária de ações preferenciais da TIM Participações, sua empresa de telefonia móvel no Brasil. Num comunicado, o grupo italiano atribuiu a decisão "ao desempenho negativo e à elevada volatilidade no mercado acionário internacional e nos mercados emergentes em particular". A Telecom Italia pretendia se desfazer de parte das ações preferenciais da TIM - que acumulou após uma reestruturação na empresa de celular - e levantar cerca de R$ 2 bilhões. Os recursos seriam usados para abater parte das dívidas do grupo europeu.

A TIM é a segunda empresa a cancelar sua oferta nas últimas semanas. A primeira foi a Multiplan, maior rede de shopping centers do país, que encontrou um sócio - a Cadillac Fairview Corporation - e desistiu da operação via mercado. Outras companhias optaram por adiar processos desse tipo. É o caso da Telemar, que postergou para setembro, no mínimo, uma oferta secundária inicialmente prevista para ocorrer neste mês. O Valor havia noticiado em 19 de junho que a operação da TIM não deveria ser feita se a turbulência persistisse. As ações preferenciais da operadora estão cotadas atualmente a preço inferior ao que tinham em maio, quando o pedido de oferta foi registrado na Comissão de Valores Mobiliários e na Securities and Exchange Commission (órgão que regula o mercado americano). Ontem, o cancelamento fez subir as ações preferenciais da TIM, que fecharam o dia cotadas a R$ 6,32, com valorização de 5,5%. "A oferta estava pressionando as ações. O controlador mostrou que não considera justo o preço atual", observou a analista Luciana Leocádio, da BES Securities. De acordo com ela, não faria sentido vender um volume grande de papéis num momento em que o mercado não demonstra apetite. Além da turbulência na bolsa, outros fatores estavam preocupando os investidores, segundo o analista Alexandre Garcia, da corretora Ágora. Um deles seria a escassez de informações sobre a oferta - como o preço e o volume de papéis que seriam colocados pela TIM. Outro motivo seria o fato de a empresa não ter sinalizado a migração para o Novo Mercado, nível máximo de governança corporativa na Bovespa. "Os papéis subiram ontem conforme a expectativa do mercado, que estava receoso sobre os termos da oferta", disse Garcia. "Com essa decisão, as incertezas também foram suspensas." Num relatório, a analista Vera Rossi, do Morgan Stanley, afirmou que a oferta vinha ofuscando o bom desempenho operacional da TIM Participações, segunda maior operadora de telefonia celular do país. "Em nossa avaliação, o fim da pressão proporciona bom ponto de entrada para investidores interessados na companhia", destacou. A avaliação dos analistas ouvidos pelo Valor é de que a Telecom Italia deverá relançar a oferta se o cenário melhorar. Segundo fonte da companhia, não há qualquer decisão a respeito.